segunda-feira, 16 de maio de 2011

Intolerância à lactose pode ser uma questão psicológica

Somatização de estresse, ansiedade e depressão causa desconforto ao ingerir lácteos mesmo em pessoas sem o problema.


Foto: Getty Images Ampliar
Intolerância à lactose: problema pode ser apenas psicológico e mais fácil de ser tratado
Pesquisadores italianos relataram que algumas pessoas que acreditam ser intolerantes à lactose podem na verdade sofrer da condição psicológica conhecida como transtornos somatoformes.

No caso da verdadeira insuficiência à lactose, existe no organismo uma deficiência da enzima lactase, responsável pela digestão da lactose. Quem sofre do problema costuma passar por sensações de inchaço, gazes, desconforto intestinal e náuseas ao ingerir alimentos que contenham lactose – o açúcar do leite.



Os transtornos somatoformes são um conjunto de condições nas quais as dores e sintomas físicos sofridos por um indivíduo estão relacionados a fatores psicológicos.

O novo estudo mostra que algumas pessoas “não devem culpar a lactose por sintomas de intolerância à lactose”, disse o Dr. Guido Basilisco, pesquisador da unidade de gastro-enterologia do IRCCS-Ca Granda, de Milão.

Ele apresentou os resultados do estudo na última Semana das Doenças Digestivas, em Chicago.
Na pesquisa, a equipe liderada por Basilisco avaliou 102 pacientes, dos quais 77 eram mulheres, que se submeteram a um teste respiratório comumente utilizado para identificar a intolerância à lactose. Os pacientes também responderam a um questionário sobre somatização, ansiedade e depressão.



Segundo Basilisco, quem sofre de transtornos somatoformes costuma relatar diversos problemas em diferentes regiões corporais, como debilidade ou fraqueza de determinada parte do corpo, sem que a causa física possa ser encontrada.
Nem a má absorção nem a intolerância à lactose foram identificadas em 29% e 33% dos pacientes, respectivamente.

Entretanto, quando o pesquisador analisou os pacientes com o que ele chama de “somatização alterada”, ele constatou que “pacientes com somatizaçao alterada têm propensão quatro vezes maior de relatar intolerância à lactose”. Ele diz que isso mostra uma forte ligação entre as duas condições. Os participantes que se disseram intolerantes à lactose também se mostraram mais propensos à ansiedade, apesar desta ligação não ser tão relevante.

A descoberta não surpreendeu a Dra. Mary Maish, diretora de cirurgia do Centro de Transtornos do Esôfago da Universidade da Califórnia. Ela já havia observado conexões semelhantes em seus pacientes.
“É uma coisa real, eles realmente apresentam os sintomas”, disse ela. Ela diz que a maioria dos especialistas no assunto realmente acredita que muitos dos sintomas relacionados à chamada intolerância à lactose provavelmente têm maior relação com outros tipos de problemas psicológicos que não foram abordados. “É bom saber que a ciência também está por trás disso”, disse ela.

Basilisco pretende analisar porque alguns pacientes identificam a alimentação como causa de seus sintomas.

Para Maish, o estudo pode ser uma boa referência para os médicos ao conversarem com seus pacientes. Usando o mesmo para introduzir o tema, os médicos poderiam então investigar outros caminhos para ajudar na redução dos sintomas psicológicos.

Ela diz que os pacientes poderiam então focar na verdadeira raiz do problema e voltar a ingerir laticínios.
Os pesquisadores ressaltaram a importância de abordar o problema, já que não ingerir laticínios pode aumentar o risco de deficiência de cálcio e osteoporose.

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