segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Preconceito Camuflado

Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude.
ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular.
            Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo – crenças e ideias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções.

Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos.

            Segundo Allport (1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que, em determinadas circunstâncias, podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqüentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo” na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.

            Já para Adorno (1950), a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.

            Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação.

             Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformar (conformidade social).

O preconceito se materializa em diversas formas de discriminação, e na profissão não é diferente. Isso porque as diferenças no jeito de ser e viver têm significado uma arena fértil para a manifestação de múltiplas modalidades de opressão.
As questões que provocam preconceito precisam ser problematizadas e desmistificadas, porque o preconceito, enquanto algo que dizima o humano destitui os indivíduos sociais de sua autonomia e liberdade. Nestes termos, o debate em torno do preconceito favorece à argumentação e à reflexão crítica sobre a vida cotidiana, espaço-tempo no qual se materializam as expressões de discriminação e opressão.
É uma questão camuflada, os preconceituosos não assumem, mas expressam de uma forma ou outra. Uma loja de móveis na Av. João Dias, na zona sul de São Paulo é um exemplo do preconceito camuflado.
Observando as fotos seguintes podemos destacar claramente nas placas de “precisa-se’’esta preferência profissional.







As fotos estão localizadas exatamente nesta ordem de valores, socialmente elas foram escritas de forma preconceituosa, em primeiro esta de marceneiro, foi feita em uma gráfica em fórmica, a de montador, em segundo lugar em folha de sulfite, letras trabalhadas na régua, em terceiro e último lugar esta a de faxineiro, quem além de estar escrito errado tem a observação de ser um aposentado, o que exclui que um aposentado  possa ser um marceneiro ou montador.
O dono da loja Sr. Saad, diz que não percebeu esta diferença e que não há intenção preconceituosa na sua atitude.

De saída, uma questão premente: em que medida este tema interessa ao Serviço Social?
Com o Código de 1993, abre-se um campo de possibilidades para o entendimento e desnaturalização do preconceito. Neste sentido, o objetivo deste artigo é fornecer elementos para a crítica do preconceito, fortalecendo, desse modo, tal discussão no âmbito do Projeto Ético-Político do Serviço Social (PEPSS). Discutiremos, futuramente, a trajetória de construção do PEPSS a partir dos anos 80, contextualizando os códigos de ética de 1986 e 1993, para, estabelecer uma  relação entre a dimensão ética e a necessidade de superação dos preconceitos.

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Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Augusto Cury E-MAIL: lu.name.lc@hotmail.com