segunda-feira, 27 de julho de 2015

Programa de Proteção à Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte em São Paulo




          O Brasil é um país profundamente marcado 
pela violência e pelas desigualdades sociais. 
O uso da violência como instrumento de 
manutenção e reprodução de relações desiguais 
de poder atravessa a história brasileira e se 
expressa em diferentes formas de violação de 
direitos, envolvendo relações de gênero, raça, etnia, 
classe e geração. Dentre as expressões mais graves 
dos cruzamentos entre violência e desigualdade 
nos últimos anos, destacam-se os homicídios. 
A cada ano morrem aproximadamente 50.000 pessoas vítimas de homicídio 
no país. Nesse contexto, a violência brasileira tem como expressão mais cruel o 
assustador aumento, nos últimos trinta anos, do assassinato de adolescentes e jovens. 
A concentração dos homicídios na juventude se tornou uma característica do país. 
A taxa de homicídios entre os jovens de 15 a 24 anos passou de 30 por 100 mil em 
1980 para 50,1 no ano de 2007. O crescimento da violência letal no Brasil 
nesse período está diretamente relacionado às mortes violentas na população jovem.
                   Como parte integrante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
 República (SDH/PR), o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados 
de Morte foi criado em 2003 e instituído oficialmente, por meio do Decreto Presidencial 
nº 6.231, em 2007. O PPCAAM tem por objetivo preservar a vida das 
crianças e dos adolescentes ameaçados de morte, com ênfase na proteção integral 
e na convivência familiar. É executado em diferentes estados, Seu trabalho ocorre 
por meio de equipes técnicas locais, selecionadas nas unidades federativas (UFs), 
conveniadas pelas entidades executoras a partir de critérios de competência 
técnica, aptidão e compreensão das complexidades que envolvem o tema. Volta-se 
primordialmente para a preservação da vida do ameaçado de morte e a inserção 
social em local seguro, buscando, de forma prioritária, o ingresso em conjunto com 
seus familiares. 
               A proteção é realizada por meio da articulação intersetorial com a rede de 
proteção social e de serviços existentes em cada localidade. A organização do 
atendimento pela equipe, nesse aspecto, deve ser pautada por alguns princípios  
que orientam a ação pedagógica, possibilitando aos protegidos uma experiência 
que contribua com seu desenvolvimento e emancipação enquanto cidadãos. 
O sistema de gestão e monitoramento do PPCAAM é um instrumento 
tecnológico destinado a usuários predefinidos, projetado para permitir a automação 
de um conjunto de procedimentos gerenciais e executivos do PPCAAM, em nível 
nacional, que deve oferecer agilidade, padronização e automação de esforços 
no registro, no trânsito/fluxo e na sistematização de informações relativas ao programa, 
produzidas ou mobilizadas por/entre a Coordenação-Geral do Programa e as UFs 
em tempo real, permanente e padronizada, segundo critérios preestabelecidos, em 
conformidade com instrumentos metodológicos do PPCAAM, de forma a auxiliar as 
equipes técnicas no acompanhamento dos casos. 
                 O Programa se constituiu, ainda, ao longo desses anos, em importante 
estratégia de interlocução junto a gestores públicos, autoridades locais e comunidades 
em geral, no sentido de chamar a atenção para o problema e fomentar o debate sobre 
a violência letal por meio de parcerias com a sociedade civil.  
                Está presente, atualmente, em onze estados da federação, além do Núcleo 
Técnico Federal. O PPCAAM atua segundo os pressupostos da proteção integral, 
à luz dos mecanismos consagrados pelo ordenamento jurídico brasileiro, 
o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal de 1988, bem como 
das convenções internacionais que tratam do tema. Tais instrumentos reconhecem 
crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e asseguram a prioridade de 
tratamento no provimento dos serviços públicos considerados essenciais e o acesso 
à rede de proteção, garantindo o seu desenvolvimento integral, além da manutenção e do 
fortalecimento dos vínculos familiares.    
                                  
Os desafios colocados para a implementação de um projeto dessa natureza são inúmeros 
se tornam complexos na medida em que se procura trabalhar com o conceito de proteção 
integral e se abandona a ideia de exílio protetivo, que marcou os primeiros momentos de 
execução do Programa. O respeito ao direito à convivência familiar e comunitária, 

por exemplo, significou o aumento substancial 
do ingresso de familiares e provocou a 
mudança nas regras de permuta (transferência 
de um estado para outro). Entretanto, a garantia 
desse direito ao protegido pode significar 
a restrição do mesmo direito ao seu grupo de 
irmãos, muitas vezes, obrigados a deixar o 
local de moradia e convivência comunitária para 
acompanhar a família.


Fonte:
http://acolhimentoemrede.org.br/site/wp-content/uploads/2015/07/ppcaam_livro_2010.pdf

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Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Augusto Cury E-MAIL: lu.name.lc@hotmail.com